domingo, janeiro 08, 2006

Jornada de protesto!


Embora ainda faltem disputar a maioria dos jogos referentes à 17ª jornada da Liga e Liga de Honra e como tal seja ainda precoce avaliar o sucesso da iniciativa, o fim de semana fica indubitavelmente marcado pela organização do Protesto Ultra Nacional.
Apesar da não aderência de alguns, foi bem notório que a maioria das claques e grupos organizados de adeptos existentes conseguiram discernir, no meio de toda a polémica gerada ao longo da semana, sobretudo no que toca à forma como surge o protesto, que aquilo que importa é, de facto, AGIR!
Os estádios continuam vazios, os preços praticados continuam exorbitantes, as leis cada vez mais repressivas!
Apesar de não sermos uma claque oficialmente reconhecida, consideramo-nos um grupo organizado de adeptos, ULTRAS, e como tal, não pudemos ficar indiferentes a esta iniciativa. Juntamente com a frase foram elaborados também durante a semana autocolantes contra a Lei da Repressão, que serão mais uma forma de protesto.
Consideramos que a frase escolhida não terá sido a mais feliz, daí que tenha sido exibida uma outra frase, já inúmeras vezes utilizada por vários grupos, mas com a qual nos identificamos mais: “Ultras contra o Futebol Moderno”.
Mas que futebol moderno? Não se trata aqui de tomar uma posição radical e revivalista condenando tudo o que é actual, ficando presos ao passado. Batemo-nos sobretudo por quatro pontos que assumem o primeiro lugar numa escala de prioridade em termos de questões que urgem ser resolvidas.
A começar pela repressiva Lei 16/2004, que condena antes de julgar. Onde está o conceito de “presumível culpado”, se à partida não há inocentes? Porquê ter de se estar registado nesta ou naquela instituição apenas porque se quer apoiar o clube? Como diz um estandarte bem conhecido das nossas curvas “Nem santos, nem criminosos...”. Antes de ser ultras somos todos nós cidadãos nacionais, sujeitos às Leis em vigor. Quem prevarica é julgado e se considerado culpado, cumprirá a pena que o destino traçou. Não conseguimos entender o porquê de um ultra ser julgado de forma diferente ou de precisar de uma Lei especial que se adapte só a ele. Afinal, o dano causado por atirar uma cadeira para o relvado é o mesmo quer ela seja atirada por ultra ou por um adepto dito “normal”... Porquê sermos sujeitos a uma legislação específica e à partida extremamente repressiva?
E já que falamos de legislação e regulamentos, falemos do preço dos bilhetes. A criação de um preço máximo para os preços dos bilhetes pela Liga foi, no mínimo, ridícula, já para não a apelidar de ofensiva para todos os amantes de futebol. 60 EUROS?! Mas 60 euros para ver o quê? No primeiro jogo após a entrada em vigor desse regulamento os adeptos do Sporting pagaram esse mesmo preço para ver o seu clube contra a Académica, no estádio de Taveiro, numa bancada amovível, em que nem sequer existia um WC.


Desde então os elevados preços dos bilhetes têm sido uma prática comum e tornou-se tão corrente, de tal forma que o fenómeno já é visto com um conformismo assustador pela maioria dos adeptos.
Pior ainda é verificar como os próprios clubes não respeitam a sua massa associativa, cobrando-lhes para além das quotas mensais, preços menos simpáticos nos jogos em casa, para já não falar naqueles que praticam a taxa de agravamento, caso o bilhete seja adquirido no dia do jogo.


Como se o elevado preço dos bilhetes não fosse suficiente, os ultras e adeptos ainda têm de se sujeitar ao horários extremamente flexíveis a que está sujeita a I Liga. Jogos de sexta a segunda, jogos que terminam quase à meia-noite. Este ano até uma jornada a meio da semana existiu, dificultando de sobre maneira todos os ultras que se quiseram deslocar para apoiar a sua equipa. Consequências? A mesma de sempre: ESTÁDIOS VAZIOS! Ponham os olhos no exemplo inglês! Jogos quase sempre à tarde. Esta é a terceira época em que o Sporting joga em Alvalade, e contam-se pelos dedos de uma mão os jogos em que não foi necessário recorrer à iluminação artificial.
A tudo isto junta-se um futebol cada vez mais podre e minado por arbitragens duvidosas, dirigentes corruptos, polémicas e controvérsias infindas.
E mesmo com tudo isto, os “delinquentes ilegais” das claques e outros grupos organizados continuam a percorrer quilómetros atrás do clube do seu coração, contando os tostões para ir ver a bola, tentando sobreviver... Ainda nos querem reprimir mais?