"Falta de Militância" tem sido uma expressão muito utilizada para os lados de Alvalade ultimamente. De facto, o fosso entre a massa adepta leonina e o clube parece acentuar-se a cada dia que passa. Quais as razões?
Podemos abordar este problema segundo duas perspectivas.
Perspectiva 1 - "A bem-falante": trata-se de um ponto de vista em que prevalecem as palavras caras e o vocabulário pomposo, repleto de metáforas e alegorias, num tom de discurso monocórdico que aborrece plateias e não apresenta causas nem soluções. Tema de conversa entre a elite leonina, surge como preocupação "grave e séria" e que "urge resolver", dê lá por onde der, a partir do momento em que se consiga deslindar este mistério intrigante que tanto perturba os intelectuais da nossa praça, ou seja, o porquê do divórcio entre a razão de existência de um clube, os adeptos, e o próprio.
Perspectiva 2 - "A do adepto": a opinião do adepto relativamente a este tema é simples, clara e objectiva. É apresentada aos "amigos da bola", em frente à "roulotte" do costume, entre uma cerveja e um courato. O discurso flui da mesma forma simples com que assiste aos jogos, de pé, ao frio e à chuva, ou sentado na sua cadeira de plástico, que alegremente "alugou" até final da época perante a módica quantia de cento e tal euros, a que acrescem as respectivas quotas de sócio. Quotas essas que não lhe conferem mais nenhuma vantagem real, exceptuando o facto de lhe permitir comprar a gamebox a um preço mais reduzido(?).
Como vemos futebol com o povo, exemplificamos o nosso ponto de vista com um exemplo da "populaça": o Zé e a Maria. Ora, o Zé e a Maria moram numa cidade qualquer a 200Km de Lisboa e decidem ir a Alvalade ver o Sporting - Porto, a contar para a Taça de Portugal. Pensaram em acordar bem cedo para se fazerem à estrada e viverem a festa da Taça logo desde a hora do almoço, mas felizmente não foi preciso madrugar, uma vez que o jogo só inicia às 20h45. É capaz de ser complicado, pois o Zé e a Maria trabalham na segunda-feira, e visto ser um jogo da Taça existe a possibilidade de existir prolongamento, mas por amor tudo se faz.
Chegados ao estádio, decidem ir à loja do clube comprar um cachecol novo, mas desistem na hora de pagar: o preço não é propriamente em conta e nem sequer têm desconto de sócio, mesmo pagando 12x13=156eur de quotas por ano (!!). Lá foram então comprar os bilhetes. Desta vez tiveram sorte: como o jogo é a contar para a Taça, o preço não é excessivo e nem tiveram de pagar os cinco eurinhos extra do costume quando se adquire bilhete no dia do jogo. Pois é! É que mesmo que por um lado o clube grite aos quatro ventos que a sua dimensão é nacional, a sua consciência nem aos distritais chega, pois um clube cuja massa adepta está espalhada por todo o país NÃO PODE castigar desta forma todos os que não tem possibilidade de se deslocar ao estádio durante a semana para adquirir o seu ingresso!
Após um breve passeio no centro comercial, o Zé e a Maria decidem entrar no recinto. A hora do pontapé de saída aproxima-se e a fome já aperta. Felizmente, a Maria trouxe umas sandochas de casa, pois os tempos são de crise e como já gastaram tanto dinheiro em combustível, ao menos poupam-se uns trocos no lanche. Mas a Maria e o Zé estão cheios de azar, e se não abrirem os cordões à bolsa, vão também ficar cheios de fome, pois ultimamente tem sido vedada a entrada a comida dentro do estádio. Percebe-se. Afinal de contas os senhores a quem foram concessionados os bares também têm de lucrar o seu à pala dos idiotas que vão à bola, não é?
Mas enfim, passemos à frente, porque hoje o jogo até está a ser bom e para estes nossos amigos (quase) tudo vale a pena para ver o grande Sporting ao vivo. Um golo do Sporting, um golo do Porto e uma avalanche de disparates por parte do árbitro. Nada a estranhar: é o futebol nacional. Ao fim dos 90 minutos, empate a uma bola. Já são 22h40, começa a fazer-se tarde, mas nem pensar em arredar pé. É o AMOR que nos prende! Seguem-se trinta minutos extra de futebol. 23h15: não há golos. É tarde e amanhã é dia de trabalho. E ainda faltam os penalties. Alguém devia ter previsto isto, não? Marcam-se os pontapés do terror, e o Sporting fica fora da Taça. Que sorte madrasta! São 23h30!! Quase meia-noite! Um longo caminho espera ainda quem daí a escassas horas tem estar novamente a pé para se apresentar ao trabalho. É duro. Se calhar, teria sido melhor ter ficado em casa, no quentinho, a ver o jogo na televisão, em horário nobre, como manda a regra, para bater o pé à telenovela do canal vizinho...
Palavras para quê? Somos o expoente máximo dos cancros do futebol moderno.
MILITÂNCIA? ESTIMEM A QUE TÊM!...
Podemos abordar este problema segundo duas perspectivas.
Perspectiva 1 - "A bem-falante": trata-se de um ponto de vista em que prevalecem as palavras caras e o vocabulário pomposo, repleto de metáforas e alegorias, num tom de discurso monocórdico que aborrece plateias e não apresenta causas nem soluções. Tema de conversa entre a elite leonina, surge como preocupação "grave e séria" e que "urge resolver", dê lá por onde der, a partir do momento em que se consiga deslindar este mistério intrigante que tanto perturba os intelectuais da nossa praça, ou seja, o porquê do divórcio entre a razão de existência de um clube, os adeptos, e o próprio.
Perspectiva 2 - "A do adepto": a opinião do adepto relativamente a este tema é simples, clara e objectiva. É apresentada aos "amigos da bola", em frente à "roulotte" do costume, entre uma cerveja e um courato. O discurso flui da mesma forma simples com que assiste aos jogos, de pé, ao frio e à chuva, ou sentado na sua cadeira de plástico, que alegremente "alugou" até final da época perante a módica quantia de cento e tal euros, a que acrescem as respectivas quotas de sócio. Quotas essas que não lhe conferem mais nenhuma vantagem real, exceptuando o facto de lhe permitir comprar a gamebox a um preço mais reduzido(?).
Como vemos futebol com o povo, exemplificamos o nosso ponto de vista com um exemplo da "populaça": o Zé e a Maria. Ora, o Zé e a Maria moram numa cidade qualquer a 200Km de Lisboa e decidem ir a Alvalade ver o Sporting - Porto, a contar para a Taça de Portugal. Pensaram em acordar bem cedo para se fazerem à estrada e viverem a festa da Taça logo desde a hora do almoço, mas felizmente não foi preciso madrugar, uma vez que o jogo só inicia às 20h45. É capaz de ser complicado, pois o Zé e a Maria trabalham na segunda-feira, e visto ser um jogo da Taça existe a possibilidade de existir prolongamento, mas por amor tudo se faz.
Chegados ao estádio, decidem ir à loja do clube comprar um cachecol novo, mas desistem na hora de pagar: o preço não é propriamente em conta e nem sequer têm desconto de sócio, mesmo pagando 12x13=156eur de quotas por ano (!!). Lá foram então comprar os bilhetes. Desta vez tiveram sorte: como o jogo é a contar para a Taça, o preço não é excessivo e nem tiveram de pagar os cinco eurinhos extra do costume quando se adquire bilhete no dia do jogo. Pois é! É que mesmo que por um lado o clube grite aos quatro ventos que a sua dimensão é nacional, a sua consciência nem aos distritais chega, pois um clube cuja massa adepta está espalhada por todo o país NÃO PODE castigar desta forma todos os que não tem possibilidade de se deslocar ao estádio durante a semana para adquirir o seu ingresso!
Após um breve passeio no centro comercial, o Zé e a Maria decidem entrar no recinto. A hora do pontapé de saída aproxima-se e a fome já aperta. Felizmente, a Maria trouxe umas sandochas de casa, pois os tempos são de crise e como já gastaram tanto dinheiro em combustível, ao menos poupam-se uns trocos no lanche. Mas a Maria e o Zé estão cheios de azar, e se não abrirem os cordões à bolsa, vão também ficar cheios de fome, pois ultimamente tem sido vedada a entrada a comida dentro do estádio. Percebe-se. Afinal de contas os senhores a quem foram concessionados os bares também têm de lucrar o seu à pala dos idiotas que vão à bola, não é?
Mas enfim, passemos à frente, porque hoje o jogo até está a ser bom e para estes nossos amigos (quase) tudo vale a pena para ver o grande Sporting ao vivo. Um golo do Sporting, um golo do Porto e uma avalanche de disparates por parte do árbitro. Nada a estranhar: é o futebol nacional. Ao fim dos 90 minutos, empate a uma bola. Já são 22h40, começa a fazer-se tarde, mas nem pensar em arredar pé. É o AMOR que nos prende! Seguem-se trinta minutos extra de futebol. 23h15: não há golos. É tarde e amanhã é dia de trabalho. E ainda faltam os penalties. Alguém devia ter previsto isto, não? Marcam-se os pontapés do terror, e o Sporting fica fora da Taça. Que sorte madrasta! São 23h30!! Quase meia-noite! Um longo caminho espera ainda quem daí a escassas horas tem estar novamente a pé para se apresentar ao trabalho. É duro. Se calhar, teria sido melhor ter ficado em casa, no quentinho, a ver o jogo na televisão, em horário nobre, como manda a regra, para bater o pé à telenovela do canal vizinho...
Palavras para quê? Somos o expoente máximo dos cancros do futebol moderno.
MILITÂNCIA? ESTIMEM A QUE TÊM!...